domingo, 24 de abril de 2011

Filhos da Páscoa

Da esperança, a dor; o sentido oculto que move os pés; o desejo incontido de ver as estradas se transformando, aos poucos, em chegadas rebordadas de alegrias.

Ir; um ir sem tréguas, senão as poucas pausas dos descansos virtuosos que nos devolvem a nós mesmos. Idas que não findam e que não esgotam os destinos a serem desbravados. Passagens; páscoas e deslocamentos.

Eu vou. Vou sempre porque não sei ficar. Vou na mesma mística que envolveu os meus pais na fé, os antepassados que viram antes de mim. Vou envolvido pela morfologia da esperança; este lugar simples, prometido por Deus, e que os escritores sagrados chamam de Terra Prometida. Eu quero.

O lugar sugere saciedade e descanso. Sugere ausência de correntes e cativeiros...

Ainda que o caminho seja longo, dele não desisto. Insisto na visão antecipada de seus vislumbres para que o mar não me assuste na hora da travessia. Aquele que sabe antecipar o sabor da vitória, pela força de seu muito querer, certamente terá mais facilidade de enfrentar o momento da luta.

O povo marchava nutrido pela promessa. A terra seria linda. Nela não haveria escravidão. Poderiam desembrulhar as suas cítaras; poderiam cantar os seus cantos; poderiam declamar os seus poemas. A terra prometida seria o lugar da liberdade...

Mas antes dela, o processo. Deus não poderia contradizer a ordem da vida. Uma flor só chega a ser flor depois que viveu o duro processo de morrer para suas antigas condições. O novo nasce é da morte. Caso contrário Deus estaria privando o seu povo de aprender a beleza do significado da páscoa. Nenhuma passagem pode ser sem esforço. É no muito penar que alcançamos o outro lado do rio; o outro lado do mar...

E assim o foi. O desatino das inseguranças não fez barreira às esperanças de quem ia. O mar vermelho não foi capaz de amedrontar os desejantes da Terra, os filhos da promessa. Pés enxutos e corações molhados, homens e mulheres deitaram suas trouxas no chão; choraram o doce choro da vitória, e construíram de forma bela e convincente o significado do que hoje também celebramos.

A vida cresceu generosa. O significado também.

Ainda hoje somos homens e mulheres de passagens; somos filhos da Páscoa.

Os mares existem; os cativeiros também. As ameaças são inúmeras. Mas haverá sempre uma esperança a nos dominar; um sentido oculto que não nos deixa parar; uma terra prometida que nos motiva dizer: Eu não vou desistir!

E assim seguimos. Juntos. Mesmo que não estejamos na mira dos olhos.

O importante é saber, que em algum lugar deste grande mar de ameaças, de alguma forma estamos em travessia...
 
 
fonte: http://www.fabiodemelo.com.br/novo/blog/index.php?cd_fotolog=15

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Palavra de Vida - Focolares

"Não o que eu quero, porém o que tu queres." (Mc 14, 36)
                  
      Jesus está no Horto das Oliveiras, na propriedade chamada Getsêmani. A hora tão esperada chegou. É o momento crucial de toda a sua existência. Ele se prostra por terra e suplica a Deus, chamando-o de Pai, numa confidência cheia de ternura, para “afastar dele esse cálice” (cf. Mt 14, 36), expressão que se refere à sua Paixão e Morte. Jesus pede ao Pai que aquela hora passe… Mas, por fim, entrega-se completamente à vontade de Deus:
      
      “Não o que eu quero, porém o que tu queres.”
      
      Jesus sabe que a sua Paixão não é um acontecimento casual nem simplesmente uma decisão dos homens, mas é um plano de Deus. Ele será processado e rejeitado pelos homens; o “cálice”, porém, vem das mãos de Deus.
      Jesus nos ensina que o Pai tem um plano de amor para cada um de nós, que Ele nos ama com um amor pessoal e, se acreditarmos nesse amor e correspondermos com o nosso amor – é essa a condição –, Ele fará com que tudo seja finalizado para o bem. Para Jesus, nada aconteceu por acaso, nem sequer a Paixão e a Morte. 
      Depois aconteceu a Ressurreição, cuja festividade solene celebramos neste mês.
      O exemplo de Jesus, o Ressuscitado, serve de luz para a nossa vida. Devemos saber interpretar tudo o que vem ao nosso encontro, o que acontece, o que nos rodeia e também tudo o que nos faz sofrer, como vontade de Deus que nos ama, ou como uma permissão de Deus que nos ama também assim. Então, tudo na vida terá sentido, tudo será extremamente útil, mesmo aquilo que, na hora, nos parece incompreensível e absurdo, mesmo aquilo que nos pode fazer precipitar numa angústia mortal, como aconteceu com Jesus. Será suficiente que, junto com ele, saibamos repetir, com um ato de confiança total no amor do Pai:
      
      “Não o que eu quero, porém o que tu queres.”
      
      A vontade dele é que vivamos, que lhe agradeçamos com alegria pelas dádivas da vida; mas, às vezes, ela certamente não corresponde ao que imaginamos. Não é, por exemplo, uma situação diante da qual temos de nos resignar, em especial quando deparamos com a dor, nem uma sucessão de atos monótonos espalhados ao longo da nossa vida.
      A vontade de Deus é a sua voz que nos fala e nos convida continuamente, é o modo pelo qual ele nos expressa o seu amor, para nos dar a sua plenitude de vida.
      Poderíamos fazer uma representação disso com a imagem do Sol, cujos raios seriam a sua vontade para cada um de nós. Cada pessoa caminha ao longo de um raio, diferente do raio de quem está ao lado, mas sempre um raio de sol, ou seja, a vontade de Deus. Portanto, todos nós fazemos uma única vontade, a de Deus; no entanto, ela é diferente para cada um. Os raios, quanto mais se aproximam do Sol, mais se aproximam entre si. Também nós, quanto mais nos aproximamos de Deus, pela observância sempre mais perfeita da vontade divina, mais nos aproximamos entre nós… até sermos todos um. 
      Vivendo assim, tudo na nossa vida pode mudar. Em vez de procurarmos e amarmos somente aqueles de quem gostamos, podemos dar atenção a todos aqueles que a vontade de Deus põe ao nosso lado. Em vez de procurarmos aquilo de que gostamos, podemos nos dedicar àquelas coisas que a vontade de Deus nos sugere e preferi-las. Se estivermos inteiramente projetados na vontade divina daquele momento (“o que tu queres”), seremos consequentemente levados ao desapego de todas as coisas e do nosso eu (“não o que eu quero”). Esse desapego não é tanto resultado de uma busca proposital, porque se deve buscar só a Deus, mas acontece de fato. Então a alegria será completa. Basta mergulharmos no momento que passa e cumprir naquele instante a vontade de Deus, repetindo:
      
      “Não o que eu quero, porém o que tu queres.”
      
      O momento que passou não existe mais; o momento futuro ainda não está em nosso poder. Acontece como a um passageiro no trem: para chegar ao destino, ele não fica andando para frente e para trás, mas fica sentado no seu lugar. Assim, devemos ficar firmes no presente; o trem do tempo viaja por si. Só podemos amar a Deus no momento presente que nos é dado, pronunciando o próprio “sim” vigoroso, radical, ativíssimo, à vontade dele.
      Portanto, vamos amar aquele sorriso que temos a dar, aquele trabalho a ser executado, aquele carro a ser conduzido, aquela refeição a ser preparada, aquela atividade a ser organizada, aquela pessoa que sofre ao nosso lado.
      Nem sequer a provação ou o sofrimento nos devem assustar se, com Jesus, soubermos reconhecer neles a vontade de Deus, ou seja, o seu amor para cada um de nós. Poderemos até mesmo rezar assim:
      “Senhor, faze que eu nada tenha a temer, porque tudo o que vai acontecer será a tua vontade e nada mais! Senhor, faze que eu não tenha outro desejo, porque nada é mais desejável do que exclusivamente a tua vontade.
      O que é importante na vida? Importante é a tua vontade.
      Faze que nada me perturbe, porque tudo é a tua vontade. Faze que eu não me agite com nada, porque tudo é tua vontade.”

      Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em abril de 2003.
      

Chiara Lubich

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Músico de Igreja é músico ruim?

Por Cleyton Farias*
Infelizmente, observa-se, no meio musical, certo preconceito relacionado aos músicos que tocam em nossas Igrejas, principalmente em se tratando de Igreja Católica. Basta observar que quando um músico católico tem a graça de se apresentar num palco decente com uma infra-estrutura adequada, os primeiros a desvalorizarem o seu trabalho, normalmente, são responsáveis pelo som que nem sempre dão a mesma atenção que dão aos músicos seculares.
Em nosso Ministério de Música temos músicos profissionais que agora se dedicam à Igreja e já tivemos que ouvir algumas vezes frases do tipo “quando me disseram que era da Igreja não sabia que seria tudo isso, por isso não trouxe todo o meu equipamento” ou então: “nunca vi uma banda de Igreja tocando de forma tão profissional assim”.
O documento 79 da CNBB, lançado em 2004, em seu parágrafo 23 revela o que talvez seja um dos principais motivos dessa realidade. Esse documento é resultado de mais de 4 anos de estudo e observação das nossas igrejas e mostra, sob a ótica dos Bispos do Brasil, o que a Igreja tem feito de bom, de ruim e quais as recomendações com relação à música litúrgica para a nossa Igreja.
Veja o que diz o documento:
 “23. Observa-se, aqui e acolá, um recíproco distanciamento entre músicos dotados de uma arte musical mais elaborada e a experiência comunitária da fé. De um lado, nem sempre os músicos de mais aprimorada cultura musical se entrosam e se identificam com a experiência celebrativa das comunidades. Do outro, nem sempre as comunidades se preocupam em melhorar seu desempenho musical e beneficiar-se da colaboração de músicos competentes. Tanto as pessoas que se ocupam do canto nas  comunidades precisariam ser incentivadas a aprimorar sua  formação litúrgica e musical, quanto os músicos profissionais precisariam receber uma formação cristã e litúrgica.”
Algumas vezes, as nossas paróquias não sabem tratar essa questão ou nem sequer se preocupam em tratá-la. Com isso, normalmente ocorre uma das duas coisas: o músico se desestimula e acaba desistindo de tocar na Igreja ou ele insiste em tocar na liturgia da maneira que ele acha certo, desafiando, muitas vezes, as autoridades constituídas, tornando-se uma grande dor de cabeça para o pároco.
O músico profissional que procura tocar na Igreja normalmente o faz não porque quer simplesmente tocar e se divertir. Ele já tem isso no meio secular. Ele normalmente procura tocar na Igreja porque se sente no desejo de servir a Deus com o seu dom ou de ajudar a comunidade que tem dificuldades de conseguir músicos ou algo do gênero.
É preciso que a comunidade aproveite essa pré-disposição de serviço do músico e dê a ele aquilo que está procurando: um sentido para o seu ministério. A formação litúrgica dá ao músico profissional um sentido que vai muito além do que ele imaginava para estar na Igreja tocando e isso fará com que ele releve muito mais as coisas e persevere na sua missão.
Por outro lado, existem músicos amadores e aqueles que querem ser músicos. A comunidade pode e deve, de acordo com a CNBB, proporcionar condições para que essas pessoas desenvolvam seu dom e toquem e cantem de maneira profissional. É preciso investir naqueles que investem o seu tempo para animar as celebrações para que isso seja feito com amor e qualidade.
Santa Cecília, rogai por nós!

*Leigo consagrado da Comunidade Família de Nazaré

Postado em julho 2009

Missa: Cantar COM ou PARA a assembleia?

Por Cleyton Farias*

Que bonito e contagiante é quando se participa de uma missa onde toda a assembleia canta e vibra com as canções. Dá um ânimo e uma vontade de participar também. Não há quem fique indiferente.
Infelizmente, muitos ministérios de música ainda não entenderam o quanto o que fazem pode ser decisivo para uma pessoa participar da missa com ânimo e entusiasmo ou simplesmente ASSISTIR a missa feito uma estátua.
Muitas vezes nos preocupamos tanto em tocar e cantar bem que esquecemos que os cantos da missa precisam também ser acompanhados pela Assembleia.
Por outro lado, pensando ainda na assembleia, é preciso também ter consciência de que o canto está sendo apoiado por instrumentos musicais que podem fazer muito mais do que executar acordes dentro de um campo harmônico.
Veja o que diz o parágrafo 24 do documento 79 da CNBB:
“24. Ainda são freqüentes as celebrações em que alguém ou um grupo executa
sozinho todos os cantos, não se importando com a participação do povo; assembleias que
pecam pela passividade e desinteresse pelo canto; ou, ao contrário, celebrações em que a
assembleia executa todos os cantos, sem valorizar outras possibilidades (solo, grupo, coro,
forma litânica).”
Aqui, apesar da CNBB distribuir a culpa entre os músicos e a assembleia, como ministros de música, temos que assumir nossa total responsabilidade por esse problema. Como alguém terá o interesse despertado por uma música que nunca ouviu, que está sendo mal tocada, em um som de péssima qualidade, horrivelmente ajustado e sem ao menos a letra da música para acompanhar?
Existem dicas muito práticas que resolvem isso. É questão de organização muitas das vezes. É claro que a formação musical dos ministros de música é muito importante para que o produto final saia bem acabado. Entretanto, ações simples como um breve ensaio antes da celebração, a distribuição (ou venda) de um livro ou folha de cantos ou a projeção das letras dos cantos em um Telão, já resolvem 90% dos problemas.
Afinal de contas, quem não gosta de cantar? E é na missa que todos temos a oportunidade de soltar o nosso lado cantor sempre aprisionado nos chuveiros da vida.
Santa Cecília, rogai por nós!

*Leigo consagrado da Comunidade Família de Nazaré

Postado em julho 2009

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Comunicado

Todos os participantes de grupos de música e corais da Paróquia de São José são convidados por Pe. Fausto e coordenação da Pastoral da Música a participarem de uma reunião no próximo dia 06/05, sexta-feira, às 20h.
Na Pauta da reunião consta a eleição de nova coordenação da referida pastoral. A reunião acontecerá na Igreja de São José.

É importante a presença de todos os integrantes, cantores, instrumentistas, coordenadores, tesoureiros, veteranos e novatos.
Colaborem repassando este comunicado.
Obrigado!

domingo, 3 de abril de 2011

A Humildade


Uzias tinha somente 16 anos quando seu pai foi assassinado e ele subitamente se tornou rei de Judá, no oitavo século antes de Cristo. A história de seu reinado, que é registrada em 2 Crônicas 26, ensina uma lição poderosa sobre a importância da humildade. Uzias começou bem. Ele respeitava o Senhor e sua palavra, e Deus o abençoou abundantemente. O reino se expandiu e o rei fiel conseguiu dominar seus inimigos de todos os lados. Sua reputação se espalhou a outros países. Uzias se fortaleceu.
Então, tudo mudou. "Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso" (2 Crônicas 26:16). Uzias era um homem especialmente escolhido por Deus para conduzir seu povo. Durante muitos anos, Uzias serviu o Senhor fielmente. Porém não estava autorizado a entrar no templo para queimar incenso. Esse papel estava reservado para outros homens escolhidos por Deus, os sacerdotes, que serviam no templo. Uzias, não estando mais contente com o desempenho do papel que Deus lhe havia dado, tentou assumir uma função extra e foi fortemente repreendido por seu erro.
O sacerdote Azarias e 80 outros sacerdotes seguiram Uzias até o templo e desafiaram seu ato presunçoso. Uzias enraiveceu-se e Deus respondeu imediatamente ao seu erro. O rei ficou leproso ali mesmo no templo diante dos olhos dos sacerdotes. Eles imediatamente o atiraram fora do templo, e Uzias correu da casa de Deus, percebendo que o Senhor tinha punido sua arrogância. Seu filho assumiu os negócios do Estado e deixou o leproso Uzias isolado em sua casa pelo resto de sua vida. A vida abençoada de um grande homem foi arruinada por um ato de desobediência. Uzias, como o primeiro rei de Israel (veja Samuel 15:17-23), foi derrubado por seu próprio orgulho.
Humildade:
Fundamental para nossa comunhão com Deus


Quando Jesus pregou o sermão que define o caráter do verdadeiro discípulo, suas palavras iniciais foram diretas ao coração: "Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mateus 5:3). Ele continuou a pregar durante mais três capítulos, mas muitos ouvintes não o ouviram porque nunca passaram da linha de partida. Mesmo hoje, a maior parte da mensagem do evangelho cai em ouvidos surdos de homens e mulheres arrogantes que não querem mesmo reconhecer a posição de Jesus como Senhor.

Mas Jesus não reduziu os padrões. Ele não abriu uma porta extra para entrarem os arrogantes ou os "quase" humildes. Ele manteve intacto o seu requisito fundamental porque ele reflete a exigência eterna de Deus. Deus nunca aceitou o homem cheio de orgulho que pensava fazer as coisas a seu próprio modo. Ao contrário de toda a sabedoria dos homens carnais, tendentes a adquirir poder e posição, Deus aceita exclusivamente os humildes. Uma geração depois de Uzias, o profeta Miquéias pegou perfeitamente a idéia quando ele citou as palavras de Deus: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e o que é que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus" (Miquéias 6:8). As Escrituras deixam perfeitamente claro que não há  outra maneira de caminhar com Deus. Ou andamos humildemente com nosso Deus, ou não andamos de modo nenhum com ele!
Jesus andou no meio de homens carnais e enfrentou tremendo desafio. Como poderia ele capturar seus corações para moldá -los como os servos humildes que o Pai quer? Não foi uma tarefa fácil. Ele falava freqüentemente de humildade, e mostrava em sua vida de serviço o que significa elevar os outros acima de nós mesmos. Quem poderia exemplificar melhor a humildade voluntária do que o próprio Deus, que deixou sua habitação celestial para servir e mesmo morrer pelos homens pecadores? (Esta é a essência do apelo irresistível de Paulo em Filipenses 2:3-8).
Dois exemplos mostram claramente como Jesus ressaltava a humildade para seus apóstolos. O primeiro está em Mateus 18:1-4. Os apóstolos freqüentemente disputavam entre si sobre a grandeza. Dois deles uma vez foram tão ousados a ponto de pedir que fossem colocados acima de seus colegas no reino. Jesus respondeu à atitude deles chamando uma criança. Enquanto estes homens crescidos olhavam, Jesus começou a pregar um sermão memorável: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus" (Mateus 18:3-4).
O segundo exemplo, ainda mais tocante, é registrado em João 13:1-17. Quando se preparavam para partilhar a refeição da Páscoa, Jesus aproveitou o momento para ensinar uma lição necessária. Os apóstolos jamais esqueceriam esta noite, e Jesus não perdeu a oportunidade para ensinar. Ele tomou uma toalha e  água e foi, de discípulo em discípulo, lavando seus pés. Isto era, por costume, serviço dos servos mais humildes, mas aqui o Criador do universo estava se humilhando diante de simples galileus. Quando terminou, ele voltou-se para os apóstolos e perguntou? "Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas cousas, bem-aventurados sois se as praticardes" (João 13:12-17).
Não é de se admirar que outros homens inspirados falassem da importância da humildade. Tiago disse: "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós... Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará" (Tiago 4:6-10).
Como a arrogância impede a salvação
Podemos tirar algumas conclusões claras e importantes do ensinamento da Bíblia, mostrando o porquê a falta de humildade impede a salvação. Considere como o orgulho é absolutamente oposto às qualidades e comportamentos que Deus quer que demonstremos.
  • Sem humildade, não serviremos outros como deveríamos, porque aqueles que são arrogantes e egoístas querem ser servidos, e não servir.
  • Sem humildade, não seremos seguidores. Os orgulhosos querem ser chefes e cobiçam a posição e a influência de outros. Este foi o problema que Arão e Miriã tiveram em Números 12, e o mesmo pecado que custou as vidas de quase 15.000 pessoas, em Números 16.
  • Sem humildade não buscaremos realmente a verdade. O homem orgulhoso pensa que já conhece as respostas, e não quer depender de quem quer que seja, nem mesmo do próprio Deus. A arrogância também impede nosso entendimento da verdade. Se não queremos admitir a necessidade de mudança, ou não queremos aceitar o fato que alguma outra pessoa sabe mais do que nós, nosso orgulho será um bloqueio fatal para o estudo eficaz da Bíblia.
  • Sem humildade, não reconheceremos nossos próprios defeitos. Somos até capazes de enganar nossos próprios corações para não vermos nosso próprio pecado. Saul fez isto quando defendeu sua desobediência na batalha contra os amalequitas. Ele argumentou que tinha obedecido o Senhor e que o povo tinha errado (1 Samuel 15:20-21). Deus não aceitou esta desculpa esfarrapada, e não aceita a nossa.
  • Um outro problema relacionado com a arrogância é a dificuldade em aceitar a correção. Provérbios 15:31-33 mostra a conseqüência de tal orgulho: "Os ouvidos que atendem à repreensão salutar no meio dos sábios têm a sua morada. O que rejeita a disciplina menospreza a sua alma, porém o que atende à repreensão adquire entendimento. O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e a humildade precede a honra." Provérbios 12:1 é mais direto: "Quem ama a disciplina ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é estúpido."
  • O outro lado deste problema é que a pessoa arrogante também não perdoa o erro dos outros. O orgulho é inerentemente egoísta, e nos torna facilmente ofendidos e lentos a perdoar. Isto cria uma tremenda barreira para a salvação. Jesus ensinou claramente que a pessoa que não perdoa não será perdoada por Deus (Mateus 6:12,14-15).
A última linha é muito clara. Se não aprendemos como ser humildes, não entraremos no céu. Deus rejeita os orgulhosos e exalta os humildes (Tiago 4:6,10).
Como desenvolver a humildade
Uma vez que a humildade é obviamente essencial à nossa salvação, deveremos estar preocupados em acrescentar esta qualidade a nossas vidas. Aqui estão umas poucas sugestões simples que nos ajudarão:
ŒDevemos procurar o melhor nos outros, e buscar servir os outros como Jesus fez (Romanos 12:10; Efésios 4:2-3; Filipenses 2:3-4).
Não devemos pensar que somos importantes (Lucas 17:10). Cada um deve usar sua capacidade, porém não devemos pensar que somos melhores do que outros (Romanos 12:3-8).
Ž  Não devemos esperar que outros nos humilhem. A chave da obediência é nossa humildade voluntária (Tiago 4:10), não a humilhação forçada.
Sempre que estivermos tentados a pensar que somos grandes e importantes, devemos parar para contemplar a grandeza e a majestade de Deus. Comparados com o Criador e Sustentador do Universo, somos débeis e insignificantes. O Salmo 8, especialmente nos versículos 3, 4 e 10, nos faz descer ao nosso tamanho rapidamente!
"Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará" (Tiago 4:10).
- por Dennis Allan

Leia mais sobre este assunto:
Crucificando a Carne (Gálatas 5:19-21)

Andando no Espírito (Gálatas 5:22-23)


Você pode encontrar no site:         
www.estudosdabiblia.net/d53.htm