sábado, 27 de novembro de 2010

Cantar o advento e o Natal do Senhor

Nosso Ano Litúrgico, tempo eterno de Deus que invade nossa vida humana para eternizá-la, se desenvolve em torno de duas grandes festas : Páscoa e Natal ou Manifestação do Senhor, formando dois “tempos fortes”: o ciclo do Natal e o ciclo da Páscoa, completados com o tempo comum. Estes ciclos constam de três momentos: uma preparação, a celebração da festa e um prolongamento da mesma. Vamos considerar estes momentos do mistério pascal que celebramos no Natal:

a) Advento – inicia o Ano Litúrgico, prepara o Natal, a Manifestação do Senhor. É o tempo de “gestação”, de preparação próxima para a solenidade do nascimento do Salvador, e começa sempre no mesmo dia, após a festa de Cristo Rei, levando em conta que o Natal é celebrado sempre no dia 25 de dezembro. Consta de quatro domingos, sendo um tempo forte e cheio de apelos para acolher, promover e defender a vida. Tempo de escuta da Palavra, de vigilância atenta, de feliz expectativa pela vinda do Senhor. “Grávidos” de vida nova, esperamos a chegada do Salvador e suplicamos: “Vem, Senhor Jesus!” Como a Igreja canta o Advento? – Além de valorizar símbolos e gestos próprios deste tempo (a Palavra, a Coroa do Advento, a Novena do Natal, o uso da cor própria, celebrações de reconciliação, gestos de solidariedade...), os cantos e as músicas também são próprios e têm uma função importante, devendo expressar alegria e esperança, inspirados nos textos bíblicos que falam da vinda do Senhor, o Emanuel, Deus-Conosco. Os salmos responsoriais e a aclamação ao evangelho acompanham o sentido das leituras. Os ministros do canto não podem improvisar, mas devem escolher e preparar bem os cantos que mais estão em sintonia com a Palavra, o Tempo e os momentos rituais, dando destaque ao Ato Penitencial, ao Santo, à Aclamação Memorial, ao Cordeiro de Deus, algum refrão orante... Os instrumentos musicais sejam também silenciados, fazendo um acompanhamento mais suave e discreto. No Advento não se canta o Glória (Hino de Louvor), porque é tempo marcado pela sobriedade.

b) Natal – “A Palavra se fez Carne e habitou entre nós!” (Jo 1,14). O maior presente que o Pai nos deu foi seu Filho Jesus, que sendo Deus, se fez homem, vestindo a fragilidade de um Menino. Com o seu nascimento, a salvação entra definitivamente em nossa história, culminando na sua morte e ressurreição. Por isso, no Natal já celebramos o Mistério Pascal inteiro. Deus se torna humano para nos divinizar. Mistério admirável, que não cabe em palavras, por isso no Natal nossa voz canta emocionada as canções mais ternas, antigas e sempre novas, que falam ao coração. Cristo é o nosso “Sol Invencível”, aquele que venceu as trevas, e cuja luz brilhou na noite escura... Com a Encarnação de Jesus, Deus nos devolve o paraíso, tornando-o novo. O Natal, onde o rosto e o coração de Deus se tornam visíveis em Jesus, é a festa do amor, da compaixão e da fraternidade universal, fazendo-nos acolher o outro como irmão, como presente de Deus para nós. Como a Igreja canta o Natal? – São muitos os símbolos natalinos que expressam o mistério que celebramos (o presépio, o Menino Jesus, luzes e flores, procissões, incenso, sinos, a cor branca, confraternizações...) O mais importante é a Eucaristia, onde, sempre de novo, a Palavra se faz Carne e habita entre nós. Os cantos natalinos não são todos apropriados para a Liturgia... Estes devem ter inspiração bíblica, falar do sentido do Natal, estar de acordo com o momento ritual da celebração. Um dos cantos mais importantes neste tempo é o “Glória”, cantado pelos anjos na noite de Natal. Cantemos a alegria da boa notícia: em Jesus Deus visita e salva seu povo!

c) O tempo do Natal se prolonga até a Epifania (Manifestação do Senhor) (entre 2 e 8 de janeiro), concentrada na adoração dos magos: “Será manifestada a glória do Senhor e todo o universo verá a salvação de Deus.” (Is 40,5) Também é chamada “Festa da Luz”, por ser uma contemplação do Cristo como luz das nações. A festa do Batismo (domingo após a Epifania), encerra o ciclo do Natal: “Este é meu Filho muito amado. Ouvi-o!”(Mt 3,17) Há um rico simbolismo nestas festas litúrgicas, também muito populares entre nós: sentido de busca, oferta, adoração, luz, bênção das águas, batismo de adultos e muitos outros, deixados à criatividade das equipes, lembrando sempre que os cantos devem expressar o mistério celebrado. “Senhor, que a tua páscoa seja contínua!” (R. Schutz)

Ir. Miria T. Kolling

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